segunda-feira, 14 de abril de 2008

Maria, vem cá

Maria andava olhando pros pés. Seus próprios pés. Ê, Maria... Aonde vai? Ela ia linda, tão solta... Andava olhando seus pés tão lindos vestidos com uma sandália de dedo. Tão linda vestida de vermelho, Maria ia com os pés e pernas, ia inteira mas com a cabeça presa naquele jardim.

O nome dela era Maria desde os 15. Maria Luísa, Maria Helena, Maria de Lourdes, Maria das Dores... Não importa, seu nome é Maria. Era mil Marias em uma. Tinha cabelos enroscados jogados por seus ombros. Tinha luz, tinha vida e muita vontade.
Maria caminhava com olhos fixados em seus passos macios, mas certos.

Maria andou quilômetros. Cansou seus músculos, descansou deitada em areia e ouvindo o mar. Querida Maria do meu coração, da minha vida, do meu amor, do meu eu. Maria sem preocupações, sem amarras. Maria Bonita sem um tostão. Maria rica e sem dor nenhuma. Minha linda Maria, não vai, não... Fica.

Tão colorida. Tão perfumada. Lá ia Maria surfando por ruas. Burguesinha desmiolada. Errando o caminho da sua casa e da casa dos outros. Ma-ma-maria ninguém, maria meu bem. Esquecida dos últimos e dos velhos acontecimentos. Ela ia com a cabeça em outro mundo, tinha se encontrado por lá. Ela ia.

Maria passou por aqui semana passada. Vestia um vestido bonito e tinha o rosto queimado de sol. Me disseram que ela andava em direção ao parque. Sei não... Maria é surda. Não pôde me ouvir chamar seu nome...

Minha beleza Maria tinha medo de altura. Andava com os olhos grudados em seus passos, em seus pés, pra ter a certeza de que ficariam presos ao chão.

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