quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Gato


Rafael Nadal.
Eu já sei quem é o homem da minha vida. Pena que ele não me conhece...

Mas Quem Disse Que Eu Te Esqueço

Tristeza rolou nos meus olhos
Do jeito que eu não queria
Invadiu meu coração
Que tamanha covardia

Afivelaram meu peito
Pra eu deixar de te amar
Acinzentaram minh'alma
Mas não secaram o olhar

Saudade amor, que saudade
Que me vira pelo avesso
E revira meu avesso
Puseram a faca em meu peito
Mas quem disse que eu te esqueço
Mas quem disse que eu mereço

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Apenas um sonho

Às Vezes, João sonha que está correndo. Ele sai da reta e entra na primeira curva dos 400 metros rasos. Corre solto, leve. Uau! Como ele corre! João apenas vê uma fumaça branca a sua frente, ao seu redor, e o chão avermelhado com duas linhas brancas demarcando a sua raia. É uma sensação estranha, de desconforto, mas ele continua correndo. Corre, corre, corre. Mas nunca acaba. Não há adversários. Há, apenas, um silêncio descomunal. E João continua correndo.
Sonho louco. Ele apenas corre e não vê nada além do chão avermelhado. Sempre acaba num susto. João começa a sentir faltar de ar e tenta parar de correr, mas não consegue. Tenta fazer movimentos diferentes aos da corrida e, novamente, não consegue. Então, acorda. Num susto. Um pouco esbaforido.
Quem consegue entender esses sonhos loucos que teimam em se repetir? João não consegue. Na verdade, nunca tentou entender. Acha que é apenas um sonho dentre outros. Apenas um sonho.

Será querer demais?

Será querer demais?
Será pedir demais?
Será poder demais?



Silvinha queria ir à praia. Pediu à mãe que a acordasse cedo e emprestasse o carro. “Tudo bem, tudo bom.” Mas Silvinha acordou e o circo estava formado. E, como sempre, a culpa recaiu sobre ela. Como sempre... Blau!


“Não entendo essa gente que perde tempo se irritando. Se irritando com coisas tão idiotas. Se irritando por prazer. É! O esporte, o hobby dessas pessoas é se irritar!
Eu não me irrito! Quer dizer, não me irrito por coisas bobas. Meu único problema é achar que sou protagonista de um dramalhão mexicano. A mocinha sempre sofre mais do que todo mundo e sempre tem alguém querendo lhe passar a perna.
Não, não, não. Não quero viver num dramalhão. Será pedir demais?


E você? Pode me dar atenção, verdade e amor? Será pedir demais? Eu tive impressão que em algum momento eu tinha tudo isso... Por que agora não há mais? E só o que eu fiz foi continuar gostando demais de você. E depois de tanto tempo e de tanta coisa, ainda gosto muito. Será querer demais? Blau!”


Silvinha não se matou. Silvinha não viajou. Silvinha não foi embora, não largou tudo e todos. Partiu ao meio. E foi dar um passeio no bosque...

Cazuza já dizia

Cazuza já dizia o que eu não consigo entender.
Nunca senti nem nunca agi assim
Acho loucura, dependência, submissão
E não desejo isso pra mim.

Mas são tantos que vejo
Loucos, dependentes, submissos
Tontos
Não consigo entender

Só sei que poderia ser com você
Ou com você
Mas não posso
Não consigo entender
Como dor pode rimar com prazer

E não existiria platéia
Nem maestro
Seria um concerto sem músicos
Loucos por você.
Tontos.

Mas não entendo
Como o eu pôde rimar com o você
Prefiro a sobriedade dos solitários
À loucura de uma paixão.
Prefiro o nunca ou o quase
À ausência da multidão

Porque loucura é esquecer de todos
Para lembrar de um só
E isso eu não quero, nem posso
Entender.

Ray Charles - Georgia On My Mind

Georgia, Georgia,
The whole day through
Just an old sweet song
Keeps Georgia on my mind

I said oh Georgia
Georgia
A song of you
Comes as sweet and clear
As moonlight through the pines

Other arms reach out to me
Other eyes smile tenderly
Still in peaceful dreams I see
The road leads back to you

I said Georgia,
Ooh Georgia, no peace I find
Just an old sweet song
Keeps Georgia on my mind

Other arms reach out to me
Other eyes smile tenderly
Still in peaceful dreams I see
The road leads back to you

Georgia,
Georgia,

No peace, no peace I find
Just this old, sweet song
Keeps Georgia on my mind
I said just an old sweet song,
Keeps Georgia on my mind

Lamento...

Estava eu aqui pensando em escrever algo bonito sobre amor e saudade. Mas acho que já passei desse nível. Não fico mais me lamentando 24 horas por dia por não ter recebido aquela ligação, aquele email, aquela visita, aquele olhar, aquilo tudo que há um tempão atrás era muito presente. Lamentação, aliás, que vem de forma brutal quando eu bebo tequila/vodka/cachaça/afins. Quando isso acontece, não vem só as lembranças boas e ruins, vem a dor no peito, a lágrima nos olhos, a falação ignorante. Me torno uma bêbada chata e repetitiva.

Mas isso nunca mais vai acontecer. NUNCA! Sabe por quê?
Porque é evidente que algo de fato acabou quando você olha para eles. Eles, aqueles dois olhos azuis/verdes/castanhos/zarolhas e já não se enxerga, já não se vê no reflexo deles e já não sente que eles estão em você.

Nâo adianta choro, eu te amo, apertos, se eles persistem em não te ver. Boba é você que no alto de sua ingenuidade parece que vai sufocar se não conseguir ouvir e falar de sua vida com eles. Boba é você que corre como ninguém, mas não consegue desamarrar esse peso que prende seus pés a algum tipo de chão árido e seco.

Não vou falar de amor e saudade, pois isso já não sinto. Também não vou falar de mágoa, pois mesmo sentindo não é legal gastar tempo com isso. Vou falar de tênis.

Djokovic, enfim, venceu um Grand Slam! Eu torço sempre para o Nadal, mas o menino tava merecendo. Ele já merecia no US Open, mas deu o jogo de bandeja pro Darth Federer... E quem diria, Tsonga jogando um bolão! Uma graça por sinal...

Antes da vitória contra Ivanovic na final do Aberto da Austrália - mesmo torneio do qual estava falando aqui em cima -, Sharapova disse que havia recebido uma mensagem de incentivo da ex-tenista Billie Jean King dizendo que campeões se arriscam em suas oportunidades e que a pressão é um privilégio.

É impossível vencer sem se arriscar. E com o tempo, você percebe que também não é qualquer coisa que merece o risco.


*Agora só passo 5 horas do meu dia me lamentando.

Silvinha me disse

Certo dia, Silvinha me disse que queria ir embora, que fazia planos e suas malas já estavam prontas. Ela não sabe como meu coração doeu naquele dia. Eu pensava que ela ia embora já, no dia seguinte. Mas os planos de Silvinha eram de longo prazo. Roupas, dinheiro, passagem. Ela já tinha tudo pronto para ir no prazo de, no máximo, dois anos. Para mim, ela estava ficando louca. Como assim? Nunca se sabe o que pode acontecer em um dia, muito menos em dois anos.

Silvinha sempre teve essa vontade de ir. O importante era sempre "ir". O verbo "ficar" para ela não existia. Se aparecia um problema, ela logo pensava: "se eu pudesse, ia embora agora". É, não era só "ir". Era "ir embora". Silvinha sempre quis ir embora. Olhava para todos com aquele olhar de "um dia vocês sentirão minha falta". E, sabendo que um dia iria embora, tentava aproveitar o tempo que tinha aqui.

No dia em que Silvinha me disse que um dia iria embora, eu percebi que ela nunca esteve aqui de verdade. Seus pensamentos sempre estiveram em outro lugar, viajando pelo mundo, se perdendo nas esquinas e dispensando atalhos. Procurando a liberdade que o "ficar" é incapaz de dar.

Silvinha me disse que sonha desde criança com essa liberdade. E que agora que ela está próxima e mais real do que nunca, não quer brigas, discussões, divergências, intrigas. Não se preocupa com nada mais, pois sabe que a possibilidade do “nunca mais” é capaz de resolver – ou maquiar - qualquer problema.



"E eu irei em qualquer direção
E voltarei, sou meu guia

Parto com a lua derramada no espelho do mar
Cartas de um futuro, tenho o mundo pra se revelar
Era o outro lado do sol, e um perfume de fruta e de flor
Roda, minha vida, nas trapaças do Criador

E eu irei...

Quando o sol vem brilhar
E um resto de estrela da noite clareia a manhã
Terra e sol, vento e mar
O segredo que eu trago guardado no meu talismã..."

Silvinha - em sua viagem pela galáxia vizinha

Em sua viagem pela galáxia vizinha, Silvinha descobriu que os ETs haviam deixado outra pessoa em seu lugar, aqui na Terra. No começo, ela ficou muito feliz com isso – alguém, enfim, iria ver como era estar em sua pele -, mas, com o passar do tempo e com aquela saudade da Terra batendo, ela achou aquilo tudo um absurdo. Não sentiu como se tivessem a substituído, sentiu como se tivessem roubado sua vida. Pois, afinal, apesar de ser uma vida muito (!!!) dura, também tinha seus momentos felizes... Quero minha vida de volta!


Um pouco mais de um ano se passou e a pesquisa dos ETs sobre o comportamento humano em um ambiente social extra-terrestre acabou. Era hora de Silvinha voltar, se quisesse, é claro. Pois, caso preferisse ficar na ETlândia poderia. Já havia virado popstar dos ETs, tinha empresário, assessor, motorista e segurança. Por que alguém preferiria aquela vidinha simples, boba, pobre, rala, vazia, falsa e ... – Ok, vamos com calma. Por que alguém preferiria aquela vida normal, de um ser humano normal?


Silvinha preferiria. Ou melhor, preferiu. Mas quando voltou, como eu disse anteriormente, espero que tenha prestado atenção, havia alguém em seu lugar. E para sua surpresa era um bode velho. É! Isso mesmo, um bode velho!! Inacreditável!! Colocaram um bode velho no meu lugar!! Quer dizer, no lugar da Silvinha. Um absurdo! (!!!!!!) Um bode velho e fedorento de nada se parede com a Silvinha. Nada, nada. Pelo menos nisso devemos concordar.

E como foi difícil tirar o bode velho do seu lugar. Muito difícil. Tão difícil que a impressão que dá é que ele ainda está lá. Parece que o bode velho ainda está em seu lugar. Acho que ele deixou alguma energia de bode velho extra-terrestre nas pessoas que Silvinha mais gostava. Ou melhor, na pessoa que mais gostava.

É, Bode velho, de nada adiantou a estada de Silvinha em uma galáxia vizinha. Ela cresceu e criou laços aqui, tem coisas que se leva mesmo querendo deixar. E o velho bode... o Bode Velho disse:

- Ai que saudade da minha cabrita...

Silvinha

Porque excessivamente grave é a vida. Excessiva e grave.
Não me pergunte o porquê.

Silvinha ainda estava acordada. Em pé, diante da janela, parecia esperar alguém. Mas não estava. Leu um livro - meio chato ou hermético demais - e, logo que acabou a leitura, o jogou longe. Plaft! O livro bateu na parede e caiu no chão. Então, levantou-se e foi à janela olhar o movimento da rua, fingir que esperava alguém, passar o tempo. De braços cruzados olhava para o nada - já era madrugada, não havia ninguém na rua, nada que pudesse chamar sua atenção. Era tudo pura encenação. Na verdade, até a insônia era pura encenação. Ela encenava, fazia graça, para si mesma. Ficou em pé em frente à janela a madrugada inteira. Até que cansou e resolveu ouvir uma música.

"Mary wants to be a superwoman
But is that really in her head
But I just want to live each day to love her
for what she is

Mary wants to be another movie star
But is that really in her mind
And all the things she wants to be
She needs to leave behind

But, very well, I believe I know you-very well
Wish that you knew me too-very well
And I think I can deal with everything going through
your head

Very well, and I think I can face-very well
Wish that you knew me too-very well
And I think I can cope with everything going through
your head..."

Silvinha se deitou pra ouvir a música. Acabou dormindo. Sonhou sonhos loucos com pessoas desconhecidas. E acordou no dia seguinte como se nada tivesse acontecido. Ou melhor, como se tudo tivesse acontecido. Silvinha acordou num lugar desconhecido. Perdeu a memória. Não sabia o seu nome, sua idade, onde morava, se tinha família e cachorro. Achava que tinha um cachorro. Mas não tinha. Silvinha foi abduzida. Foi escolhida no meio de toda a humanidade para viver junto dos extraterrestres, que estudavam o comportamento humano no convívio social. Os ETs queriam saber como seria o convívio de um humano com os seres de sua espécie. E ainda diziam que ela nunca sentiria falta da Terra e dos humanos, pois o mundo deles é muito melhor e, afinal, ela não se lembrava de nada, então do que poderia sentir falta?

Silvinha não imaginava, mas viraria a sensação dos ETs - em terra de cego quem enxerga é rei, ou algo parecido. Virou celebridade, popstar, todos queriam vê-la e tocá-la. Estrelou algo que se assemelha aos filmes daqui. Saiu nas capas de algo que se assemelha às revistas daqui. E foi perseguida por ets que se assemelham aos paparazzes daqui. Silvinha virou diva. E, mais tarde, se casou com o ET mais cobiçado da galáxia.

Na Terra... Diziam que havia se apaixonado e fugido com vizinho colombiano... A verdade é que não fez muita falta...

Silvinha num belo dia resolveu se matar

Silvinha num belo dia resolveu se matar. Não, não é brincadeira, não. Ela, realmente, resolveu se matar... Bom, pra ela, ela não morreria não, mas morreria pros outros. E o plano já estava feito. Todos estariam dormindo, ela estaria no seu quarto, trancada. Então, tiraria de sua bolsa o tal veneno - sabe, aquele veneno que o padre a aconselhou a tomar. Depois, sem nenhuma dor, perderia seus sentidos. Primeiro, o paladar e a audição, depois o olfato e a visão e, por fim, o tato. Cairia dura no chão. Não, no chão não. Na cama. Ela tomaria o tal veneno perto da cama para que quando acordasse não encontrasse hematomas.

Já até sabia o que ia colocar no recadinho de despedida – uma folha de caderno largada ao lado da cama -, diria:

Sim, me matei. Me matei mesmo. E sabendo que tava me matando. Mas não pensem que foi por covardia ou medo. Pelo contrário, fui valente durante muito tempo. E até pra se matar é preciso ter coragem. Acontece é que cansei. Bateu tédio, preguiça de continuar, sabe. Ou melhor, faltou motivação. Pô, se é difícil trabalhar sem algo que te motive, imagine viver. Não tentem amenizar a dor me culpando. Vocês sabem que a culpa é de vocês. É, sim! De vocês e desse mundo besta que construíram. Primeiro, inventaram um Deus e um messias – que, aliás, pregavam coisas totalmente impraticáveis. Ou vão tentar me convencer que esse negócio de “amar o próximo como a si mesmo”, viver de caridade e se sacrificar pelos outros existe? Junto com essa história veio aquele negócio de amizade, companheirismo, família, amor, respeito, paz mundial, etc. Convenhamos, família existe, pois alguém tem que nos botar no mundo. Mas o restante é muita baboseira. Coisa de filme. Mas, enfim, esse papo tá muito chato e eu já morri mesmo, não vou ficar perdendo meu tempo aqui. Se alguém perguntar por que me matei, podem dizer: por causa desse mundo besta, cheio de covardes e impostores. É, eu resolvi procurar outro lugar pra viver. Não consigo conviver com mentira. Saio da vida para, graças a Deus, não entrar na história. Eu que não quero fazer parte dessa sujeira. Vou procurar uma causa maior que um bando de seres que pensam que pensam. E pior, ainda espalham isso pra todo mundo. Vendem uma imagem que não existe. Esse mundo é mesmo uma farsa.

domingo, 27 de janeiro de 2008

Histórias de Silvinha

Certo dia, eu estava em casa sem nada pra fazer - algo muito raro ¬¬ -, e então resolvi escrever uma música. Pensei, pensei e não vinha nada. Até que acabei escrevendo um conto, uma crônica ou seja lá o que for, sobre Silvinha.

Escrevi uma, duas, três, quatro vezes sobre Silvinha. Gostei.

Então,

Pra começar, eu não tenho nada de especial para dizer.

Em casa, doente, com tempo de sobra, resolvi fazer esse negócio aqui de uma vez, já que faz um tempão que possuo esse desejo secreto de ter um blog.

É, agora, eu sou bloggeira... ¬¬