É só a vida...
A vida é cheia de escolhas. E cada uma delas tem um preço. Nem sempre a gente ta preparado pra pagar, mas a cobrança chega quando menos se espera. Eu fiz as minhas e tive de arcar com as conseqüências. Tive de aprender a conviver com os meus erros, as minhas decisões e a minha nova vida. Acredito que isso só me fez crescer e ser a mulher que eu sou hoje: cheia de medos de menina e coragem de viver.Tudo começou aos meus dezessete anos. Eu era apenas uma menina, cheia de sonhos e sede de vida. As horas voavam e eu precisava abraçar o mundo. Eu precisava ser livre, ter controle de mim mesma. Acho que decidi cedo demais que seria independente.Como eu sempre quis ser dona do meu nariz, aproveitei o término do segundo ano, passei no vestibular, coloquei minhas trouxas numa mala e caí de pára-quedas em Floripa. Aconteceu tudo tão rápido que até hoje eu ainda não sei explicar o motivo de eu ter vindo pra cá. Eu sequer conhecia a cidade. Como eu acredito em bruxas, acho que deve ser coisa do destino.Bom, eu, que nunca tinha ido ao médico sozinha, me vi sendo estudante, dona de casa e tudo ao mesmo tempo. E eu só sabia fazer arroz. Confesso que em três anos não aprendi grandes coisas da culinária, porque eu adoro é comer e não cozinhar. Mas eu cresci. Aprendi a superar o medo do silêncio absurdo, a solidão dos domingos, a ausência de alguém pra bater um papo ou falar sobre a chatice do meu dia. Aprendi a controlar minhas neuroses, superar as intermináveis enxaquecas e levar a vida um pouco mais à toa. Aos poucos, eu fui deixando de ser uma menina mimada e medrosa para me tornar uma mulher sem muita coragem, mas com firmeza suficiente para assumir seus atos.Os problemas continuaram imensos, mas eu comecei a tentar não me estressar por bobagens. E eu estava sozinha numa cidade onde eu não conhecia ninguém e mal sabia andar de ônibus. Aliás, acho que isso não aprendi até hoje! As dores de estômago foram diminuindo e a saudade de casa sendo controlada.As mudanças chegam sem que você esteja preparada. E de repente, a falta de grana faz com que seu emocional se desestruture. E você precisa continuar sabendo aonde quer chegar e o que você está fazendo, mesmo que não conheça o caminho por onde anda. O fim de um namoro, a distância do seu porto seguro e mais uma vez você está no fim do túnel. E é preciso estar pronto para todas as batalhas se quiser vencer a guerra.De repente eu acordei e me dei conta que terminou. Acabou o curso de faculdade e eu tenho só com vinte e um anos. Realizei meu sonho e sequer sei o que fazer com ele. E ainda fui obrigada a ouvir asneira de alguém que nem me conhece. Mas acredito que o importante não é o que as pessoas falam e sim o que você faz com o que elas falam.Acabou. Meu mundo perdeu o rumo. Me sinto na beira de um precipício. Qualquer passo em falso é mortal. Todas as dores insuportáveis. Cheguei no meu limite de tolerância, criatividade e estresse.O fim dói, mesmo quando significa o início de algo maior. Dói porque vai deixar saudade. Dói e é uma dor inexplicável. Talvez eu nunca mais veja uma maluca passando creme nos braços no meio da aula, ou receba bilhetinhos falando da roupa brega da professora. Vão fazer falta as manhãs passadas na praça de alimentação, as maluquices da turma que virou de amigos, os encontros nos finais de semana, as palhaçadas no meio da aula e da união da turma. Mesmo que essa união tenha acabado bem antes do curso.Acabou! Um novo ciclo se inicia. Boas energias para todos nós...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário